O cinema brasileiro nos presenteia com mais um filme que toca o coração e a consciência: 'Ainda Estou Aqui' (2024), dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello.

Essa obra tem emocionado e provocado reflexões profundas em quem a assiste, trazendo à tona uma parte dolorosa da nossa história – a ditadura militar – e a luta de milhares de famílias que enfrentaram a repressão e o desaparecimento de entes queridos.

Inspirado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, 'Ainda Estou Aqui' nos convida a acompanhar a jornada de Eunice Paiva, mãe do autor, durante o período sombrio da ditadura.

Eunice vive uma busca incansável pelo paradeiro de seu marido, desaparecido após ser capturado em 1970.

A narrativa é forte, cheia de emoção e revela não apenas as cicatrizes do passado, mas também a coragem das mulheres que se ergueram contra o autoritarismo.

A ditadura militar, instaurada em 1964 e que se estendeu por mais de vinte anos, deixou marcas profundas no Brasil. Foi uma época de medo, em que a repressão, a censura e a tortura eram práticas comuns.

Milhares de pessoas foram perseguidas, presas, torturadas e mortas simplesmente por expressarem suas opiniões. Famílias foram destroçadas e muitos brasileiros desapareceram sem que seus entes queridos tivessem uma resposta.

O filme 'Ainda Estou Aqui' retrata a história de Rubem Paiva, ex-deputado federal e militante da resistência contra o regime militar. Rubem foi capturado em janeiro de 1971 por agentes do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), um dos principais órgãos de repressão do período.

O DOI-CODI era conhecido por ser um centro de tortura e desaparecimento de opositores do regime. Rubem Paiva foi levado para o DOI-CODI do Rio de Janeiro e, após ser brutalmente torturado, desapareceu sem que sua família jamais obtivesse respostas concretas sobre o seu paradeiro.

A trajetória de Eunice Paiva, que lutou incansavelmente por justiça e pelo direito à verdade, reflete a dor de inúmeras famílias que, como ela, tiveram entes queridos levados e silenciados pelo Estado.

Muito mais do que um relato histórico, 'Ainda Estou Aqui' nos convida a olhar para o presente e a questionar o futuro. A narrativa nos faz refletir sobre os riscos de voltarmos a um estado autoritário e como a memória histórica pode ser uma poderosa ferramenta de transformação. O filme não prega lições de forma didática, mas fala diretamente ao coração, despertando empatia e uma compreensão mais profunda do que significa viver em liberdade.

Nas mãos de Walter Salles, a história ganha uma sensibilidade única. Fernanda Torres, brilhante no papel de Eunice, nos entrega uma atuação carregada de emoção e força, enquanto Selton Mello nos emociona com um personagem que, mesmo ausente, permanece vivo na memória e na luta da família.

Desde que chegou às telonas, 'Ainda Estou Aqui' tem sido recebido com entusiasmo e emoção. O público lota as salas de cinema, e o filme tem gerado discussões importantes sobre a memória do Brasil. A produção não é apenas um retrato do passado, mas uma ferramenta valiosa para entendermos melhor o nosso presente.

Para muitos, o filme é um lembrete de que precisamos valorizar a democracia e não esquecer as histórias de quem lutou para que pudéssemos ter voz.

'Ainda Estou Aqui' é mais do que um filme – é uma ponte entre o passado e o presente, um convite à reflexão e à esperança.

Se você busca um filme que emociona, ensina e provoca, 'Ainda Estou Aqui' é a escolha certa. A produção resgata memórias, reacende a esperança e reforça a importância de resistir, mostrando que, mesmo nos momentos mais difíceis, a luta por justiça e liberdade é sempre necessária.